O sistema de certificação energética gerado para criar mais uma burocracio-dependência está à prova de idiotas neste país de bananas chamado de Portugal.
Para além da mensagem de obrigatoriedade passada na comunicação social, propagandeando a necessidade das avaliações energéticas, nada mais do que essa mancha colorida da imaginação para sacar dinheiro de forma despodurada ao zé povinho, como se resolvesse alguma coisa de útil na vida das pessoas, senão impondo a lei marcial.
Ao invés de se atribuir uma classe energética de base aos edifícios construídos antes de 2009 ou 2008, lança-se a aventura da certificação energética sobre todas as casas a transacionar a partir de Janeiro de 2009, como se isso viesse a alterar algo aos edifícios ou a a trazer benefícios reais para as pessoas. Mais a mais, logo se vislumbra o cambalacho para mais alguns ganharem dinheiro à custa do pagode.
A nossa má experiência neste começo de ano com a certificação energética de uma casa realizada pela Home Energy é sintomática e agravante de um mal estar geral entre as pessoas, caso aconteça mais vezes e só vem tornar mais consistente de que estamos num país que agrava o fundamento de legislação à medida e por medida de grupos de pressão ou grupos económicos. Numa casa com pouco menos de 50 metros quadrados, levar quase 400 euros para fazer uma certificação energética, levarem mais de um mês para entregar o certificado, quererem que o cliente valide os dados que são tomados ou copiados pela empresa e sem se perceber a mais valia disso para o actual e para o futuro proprietário, é obra que deixa qualquer um com as entranhas a revolverem-se.
E ainda como se não bastasse, o conselho de melhoria energética indicada é de que poderá ser instalada um caldeira de aquecimento de águas, cujo custo é para cima de mil euros, até cinco mil, o retorno anda entre os 5 e os 10 anos e o rendimento não é perceptível em termos energéticos, situando-se nos 3 pontos da classificação dada: parecem conselhos de vendedores ambulantes de caldeiras. Haveria eventualmente outros conselhos úteis para o comum dos mortais, como a calaftagem dos PVC, o isolamento de frestas, e rachas, a utilização de tintas e isolantes de qualidade, outros materiais isolantes a aplicar na manutenção ou remodelação, janelas de vidro duplo, soalhos térmicos ou outras aplicações modernas, porém a focagem está em equipamentos que consomem energia eléctrica;poderia ser a gás natural? talvez, mas se isso irá ser uma opção viável dentro de alguns anos, vamos ver.
Sabendo-se qual a qualidade da construção realizada em Portugal e das técnicas de construção ao longo dos tempos, num prédio com 30 a 40 anos que mais se pode esperar que venha a tornar real o contributo dado pela certificação energética?
A marcha contínua para o precipício através da falta de visão de conjunto, de futuro e de qualidade é algo que não abiunda nestas medidas avulsas de gestão de mercearia, sem que os benefícios de união e de conjunto para a tomada de decisão com vista à verdadeira optimização do consumo energético do país tenha sobressaltos por aí além: a árvore está lá mas alguns senhores comandantes dos destinos do país continuam a fazer vista grossa quanto à gestão da floresta.
A responsabilidade de gerir os recursos naturais é de cada um e todos nós; estes senhores políticos e grupos de interesse na energia não querem nem são capazes de fazer a gestão consciente, integrada e sustentada dos mesmos recursos em Portugal e no final, será a única riqueza que nos resta.