A âncora do petróleo

Sabemos que as forças de convexão, de extracção, centrífugas e de pressão na área das energias fósseis são poderosas ainda hoje e de alguma forma mantém as energias ditas renováveis dentro de uma camisa de forças, aqui e ali com buracos em jeito de roupa de maltrapilho.

Controladamente também e desesperadamente, as forças de bloqueio e de monopólio vão exercendo o seu poder para gerar ali e aqui uma forma de distrair os incautos e tentar dar alguma forma de sustentabilizar o "good will"(boa vontade ou pachorra para aturar isto!) dos consumidores para com uma EDP, uma GALP ou outras a actuar no mercado.

Senão, veja-se o recente manifesto da EDP para gerar a dependência do consumidor em relação aos equipamentos de captação solar térmico ou fotovoltaico que "responsavelmente" apoia, divulga e desenvolve parcerias para a sua proliferação doméstica nacional, mas sem liberalizar de facto e de imediato a possibilidade de fornecimento à rede.

É que uns paineis fotovoltaicos a gerar energia durante o dia, criando excedentes em relação ao consumo de uma habitação, vendido ao preço a que nos é vendida energia pela EDP, no mínimo terá um saldo zero no final do ano entre a empresa de fornecimento de energia eléctrica e o consumidor, bem como ganhos de sustentabilidade nacional.

Claro está que constitui um sério abate nas contas do estado e das empresas públicas; se pensarmos em aplicar a mesma forma hegemónica e ditatorial de actuação da EDP, se o consumidor fizer a EDP pagar o contador de cedência de energia à rede - como o querem fazer agora - teremos um revirar de página avassalador nas relações com o consumidor.

Quando é que de facto daremos um salto estratégico nestas questões energéticas e reduzimos o sufoco da "âncora" do petróleo?